sábado, 12 de maio de 2012

Adeus Mocidade





Programa e cartaz de estreia da primeira peça dirigida por Osmar Rodrigues Cruz no Centro Acadêmico Horácio Berlink. Adeus Mocidade de Sandro Camasio e Nino Oxília, traduzida por Oduvaldo Vianna em 1945.

domingo, 6 de maio de 2012

O ensino da interpretação para atores

















Carteira de Censura (obrigatória para todos os artistas durante a ditadura militar)



ARTIGO -  REVISTA RECREIO E ARTE ANO 4 (SESI) – ABRIL/JUNHO 1962 
O ensino da interpretação para atores
A arte de representar é no teatro uma das técnicas mais difíceis e menos estudadas pelos aspirantes a atores que, ao lado disso, se ressentem da falta de quem os oriente. Paulo Francis, diretor teatral, em interessante artigo, focaliza o problema do ensino da arte dramática no Brasil, dizendo: “Estamos justamente entrando na fase da pedagogia em teatro e os erros vão se acumulando. Temos dois tipos de professores como regra: os falsos teóricos, que impingem aos alunos conferências de Dullin, Copeau etc., com o fito de impressioná-los e garantir seus empregos. Conseguem a última coisa, ao menos, pois continuam em folha de pagamento. E temos o fabricante de “Pastiches”, o velho ator ou atriz aposentados, que fazem os alunos macaquearem suas qualidades e defeitos. Raro é o professor, como Gianni Ratto ou João Bethencourt, que tem a base cultural, o conhecimento de técnica e a inteligência para preservar a personalidade do estudante, ao mesmo tempo que procura desenvolvê-la”. Este último método é, sem dúvida, o recomendado. Com exercícios individuais e de grupo, desenvolve-se, aos poucos, mas firmemente, a capacidade para interpretação de qualquer tipo psicológico, encontrado em um texto. Este treinamento, à base de exercícios de improvisação, vai aperfeiçoando os sentidos, a sensibilidade, as emoções verdadeiras, a observação, a imaginação, a ação e a comunicação. Assim, depois de algum tempo, teremos preparado um verdadeiro estado interior, que permitirá ao ator se incorporar intimamente ao personagem escolhido. Ao lado dessa preparação, que podemos chamar de “Interior”, há a que chamamos “exterior”, isto é, física. Aqui, o ator entra na fase do treinamento corporal e da voz. Então, juntamente com a dicção, ele aperfeiçoa relaxamento muscular, expressão corporal, atitudes e gestos, com exercícios que também irão facilitar o uso do seu corpo como instrumento ativo da representação. Depois desse preparo, o estudante passa à parte de representação propriamente dita pois, somente então entrará em contato com os textos dramáticos, aplicando os conhecimentos adquiridos. O contato com o texto poderá dar resultado seguro, após a preparação “interna” e “externa” pois, no caso contrário, cai-se na pedagogia errada a que Paulo Francis se refere. O simples conhecimento obtido através de aulas teóricas ou o contato direto com o texto fará com que o aluno apresente uma forma estereotipada de interpretação. É trabalho preliminar levar o aluno a perder a inibição natural e os vícios adquiridos em maus espetáculos. O método citado não é uma prática pura, nem um fim em si mesmo, mas meio eficaz e direto que, apelando para as forças inconscientes do ator, torna maleáveis suas forças conscientes. O melhor meio de familiarizar o ator com o principal objetivo da interpretação – a identificação total com seu personagem – é a prática anterior, não de papéis determinados, mas de exercícios que possam desenvolver sua mente e seu corpo de modo a permitir-lhe descobrir com facilidade os meios de interpretar qualquer gênero de papel. A improvisação de exercícios liberta o ator de qualquer forma pré-concebida de interpretação, dando-lhe meios simples, mas seguros, para representar, eliminando a ênfase e aproximando-se tanto quanto possível da realidade. É óbvio que nenhuma escola ou curso cria atores; o que podem fazer é desenvolver vocações naturais, nada mais que isso. Um bom curso orienta e aumenta a capacidade do aluno, sem dar formas ou conceitos que de nada servirão para a preparação de um ator.