quinta-feira, 10 de outubro de 2019


 INSTITUTO OSMAR RODRIGUES CRUZ


TEATRO NACIONAL POPULAR BRASILEIRO (TNPB)


Resolvemos, introduzir paralelamente aos programas de teatro uma modesta pesquisa, em textos breves, sobre nosso Teatro Nacional Popular Brasileiro tão esquecido e controverso. O repertório do teatro dirigido por Osmar Rodrigues Cruz sempre foi muito eclético e popular, privilegiando sempre que possível o teatro nacional. Por isso, desejamos aplicar um tom coloquial e sem pretensões acadêmicas, nosso alcance é buscar o diálogo, críticas, opiniões, colaborações e acima de tudo instigar no leitor o gosto da leitura e pesquisa. 




#ANTÔNIOJOSÉDASILVA – O BRASILEIRO

Para encerrarmos essa saga de Antônio José da Silva – o Judeu, que passa agora a chamar-se o brasileiro, somente podemos atestar que, para nós, ele inicia o teatro popular brasileiro. Com sua brasilidade, que outros brasileiros não tem, coloca nosso teatro no trilho da comédia de costumes, que se abrirá daqui para frente.

O texto mais conhecido e popular é Guerras do Alecrim e Manjerona, que ganha uma montagem profissional em 1976 no Teatro Itinerante do TPS. Com um elenco muito peculiar, alguns vindos do Curso de Teatro que o TPS mantinha, sob a direção de Osmar Rodrigues Cruz, jovens e muitos estreando no teatro profissional. Antes os alunos de Osmar representaram como peça de final de curso Beijo no Asfalto de Nelson Rodrigues, uma montagem de arrepiar de tantos talentos. Um deles chamava a atenção, era Nara Gomes iniciando sua carreira e agora a mais nova amiga do Instituto, pois abriu seu acervo de fotos da peça “as guerras” nome carinhoso que Osmar deu. Ela nos conta que na época para iniciar carreira os atores se valiam dos bons cursos de teatro, como era o caso do TPS.  

Nara Gomes. Acervo pessoal da atriz. Foto: Silvestre Silva


Nas palavras de Osmar: (...) ”Como a montagem da peça não tinha compromisso com uma interpretação realista, pois era uma farsa, deu para fazer, tinha um pouco de sacanagem ... (...) Mas o espetáculo fez sucesso e a plateia ria muito. Tratando-se de uma montagem que foge ao convencional, julguei mais adequado um elenco jovem para que o resultado ganhasse em juventude e alegria. Além disso, era pensamento do TPS, sempre que possível, oferecer oportunidade de trabalho e um campo de prática profissional a elementos saídos dos nossos cursos e de outros, com a mesma preocupação de formar atores conscientes.”

Nara Gomes e Amaury Alvarez. Acervo pessoal da atriz. Foto: Silvestre Silva


(trecho) Referencias sobre a peça (nosso livro pg 332)

“Ao nos propormos encenar as Guerras do Alecrim e da Manjerona as primeiras dificuldades que se colocaram foram sua linguagem e árias. Quanto a primeira simplificamos a maneira de dizer atualizando um pouco o texto, quanto às segundas, foram eliminadas. Isso porque consideramos as Guerras mais uma comédia do que propriamente um musical: sua estrutura é formalmente teatral. Antônio José, o autor, escreveu uma comédia de costumes e nós a transformamos numa “commedia dell’arte”. Da mesma forma que o velho pavilhão circense caminhando de cidade em cidade, assim também é o TPS. Isso não quer significar também que, por isso, a montagem tenha sofrido limitações. Ao contrário. Como proposta é uma peça que vive de situações. E para alguma coisa assim nada mais coerente que o tratamento liberal do circo ainda enraizado nas populações distantes dos grandes centros que é para onde as Guerras se destina.” (...)

Todas as fotos a seguir são para ilustrar o cenário e são do acervo pessoal da atriz. Todas as fotos são de Silvestre Silva.





Ficha técnica do espetáculo:
Guerras do Alecrim e Manjerona – de Antônio José da Silva
Direção – Osmar Rodrigues Cruz
Elenco – Nara Gomes, Rosamaria Pestana, Vera Mancini, Amaury Alvarez, Plínio Rigon, Rene Mauro, Wanda Leinemann, Carlos Seidl, Hilton Have.
Cenários e figurinos – Augusto Francisco.