domingo, 24 de fevereiro de 2013

O nascimento do Teatro Popular do Sesi (TPS)

Foto de Sérgio Eluf e Cenografia de Clovis Garcia





Trechos de Crítica – A Nação – por Clovis Garcia – 28/09/1963
O Teatro Experimental do Sesi, sob a direção de Osmar Cruz, vem, de forma continuada, realizando um trabalho de divulgação do teatro como forma de culturização dos trabalhadores. As peças escolhidas procuram um equilíbrio entre o nível artístico e a sua acessibilidade por parte de um público que não está habituado ao espetáculo teatral. É uma forma de teatro popular que, se não é comprometido, pelo menos se utiliza honestamente desse meio de expressão artística como força de democratizar a cultura. Agora, com a locação do Teatro Maria Della Costa por um longo prazo, Osmar Cruz pretende desenvolver suas atividades, ampliando sua experiência. E, para essa nova fase, escolheu a peça de Antônio Callado, Cidade Assassinada, escrita para concurso do IV Centenário de São Paulo. A figura histórica de João Ramalho, cercada de lendas e as lutas pelo predomínio no planalto entre a vila fundada por esse desbravador, a antiga Santo André da Borda do Campo e o novo povoado erigido pelos jesuítas em torno do Colégio de São Paulo, são elementos de marcada teatralidade, atingindo mesmo o nível da tragédia, no sentido clássico. Antônio Callado compreendeu essa importância do tema, dando à sua peça um sentido épico e, alterando o fato histórico, fez João Ramalho morrer juntamente com sua vila, para ser respeitada a dimensão trágica. A peça existe em função do personagem central, opondo sua vontade contra tudo e contra todos, até ser destruído pela força do destino. Nesse sentido, Cidade Assassinada atinge o nível clássico da tragédia. O que lhe tira uma força maior é a indecisão entre o épico e o lírico, a intenção de quebrar a tensão com cenas poético-românticas, que resultam numa certa descontinuidade no impacto trágico. Essa descontinuidade mais se acentuou na encenação de Osmar Cruz, que não contava com atores capazes de sustentar as cenas líricas num tom elevado. A concepção geral do espetáculo, porém, está acertada e não temos dúvida de que, com um elenco de maior força dramática, o trabalho do diretor obteria um melhor resultado. Assim mesmo, deve ser louvado o efeito épico conseguido nas cenas centrais, inclusive no segundo quadro do terceiro ato, cuja dramaticidade beira o melodrama, que a habilidade do diretor, auxiliada pelo principal interprete, conseguiu evitar. [...]. Um espetáculo semiprofissional mas que atinge, pelos valores da peça, pela concepção do diretor e pela interpretação do principal ator, um nível superior a muito espetáculo profissional que se apresenta por aí, com muita pretensão.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)







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