sexta-feira, 5 de julho de 2013

A FALECIDA




Primeira maquete do cenário de Flávio Império








Parte do elenco com Nelson Rodrigues, em destaque Nize Silva e Osmar



Trecho de crítica – Jornal da Tarde
por Sábato Magaldi – 26/7/1979

O teatro de Nelson Rodrigues, no melhor estilo. Admirável.

[...]. A Falecida é, sem dúvida, a melhor encenação de Osmar Rodrigues Cruz. Formado na escola vinda de Jacques Copeau, segundo a qual o diretor ter por missão servir ao dramaturgo, Osmar poderia ser criticado, ao longo dos anos, por excessiva timidez. Longe de mim advogar para o encenador a audácia que às vezes beira a gratuidade. Mas é importante que o responsável pelo espetáculo que une sob a sua batuta a peça, o elenco, a cenografia e os outros elementos, imprima ao conjunto uma personalidade que não se confunde com as demais. Osmar sempre pareceu temeroso de deixar uma marca pessoal, que outros pudessem julgar como tentativa de sobrepor-se ao autor. Em A Falecida, há absoluta fidelidade ao espírito de Nelson Rodrigues e ao mesmo tempo o espetáculo flui com uma liberdade que é do diretor. Não se falseia uma intenção da obra e há uma linguagem autônoma do palco, inclusive na cena final, em que se fecha a cortina e Tuninho chora, diante dela, enquanto estão projetadas no pano as imagens do enterro de Zulmira. Um efeito do desfecho de Vestido de Noiva se reproduz aqui, sem tornar-se um pálido reflexo, mas encontrando, em termos semelhantes, o universo do dramaturgo. Sente-se, na montagem, o carinho compreensivo do encenador e sua identificação com o texto.
O TPS mostrou, em primeiro lugar, um painel histórico da dramaturgia brasileira, e se volta agora para a produção contemporânea. Não houve propósito, deliberadamente didático, mas um profundo amor pelo teatro nacional, de que, aliás, Osmar Cruz é um dos poucos e reais conhecedores. A nova fase do TPS cria obrigações sérias com a coletividade, a que a escolha de um repertório bom e consequente deve responder, depois do acerto dos nomes de Plínio Marcos e Nelson Rodrigues.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)



























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