segunda-feira, 28 de abril de 2014

OS CHATOS BOYS

DIAS GOMES, OSWALD DE ANDRADE E O FILHO NONE

Eu estou lendo o livro do Dias Gomes, que é um autor teatral, que foi militante do Partido Comunista, tem uma peça de sucesso que depois foi feito um filme – “O Pagador de Promessa”, que foi um sucesso estrondoso, o filme ganhou a Palma de Ouro em Paris. Eu recebi o livro do Dias Gomes e junto recebi um livro sobre os Chatos Boys, que o Oswald de Andrade chamava assim, os integrantes da Revista Clima, aliás um livro maravilhoso, lembrei-me de uma pessoa que foi muito meu amigo, que era filho do Oswald de Andrade, filho dele com a Kamia, ele casou tantas vezes, era o Osvaldo de Andrade Filho, acho que era o primeiro filho dele, nós o chamávamos de None. Ele foi diretor do Teatro Municipal, depois que o Ademar saiu da Prefeitura, não me lembro quem era o prefeito, foi quando veio o “Carrocello Napolitano” para uma temporada, mas como eu tinha pedido o teatro antes, o None falou para mim – “não...não”. 

Acho que era de família, o romance do pai dele “O território humano” fala dos italianos daqui de São Paulo de uma maneira não muito agradável. – “Você não desiste do teatro, você já pagou a taxa, não vou dar para essa italianada não” ele disse. Éramos amigos de nos encontrar na Livraria Monteiro Lobato na Av. São João. Ele pintava. Um dia ele me levou na casa dele que era a casa do pai dele, acho que estava morando lá, ou estava viajando, porque ele viajava muito o Oswald de Andrade.  

Li também nesse livro que saiu dos Chato Boys, que o pai dele adorava teatro, fez um palco no porão da casa, porque as casas na Rua Martiniano de Carvalho onde ele morava tinham porões como todas as outras, tem até uma casa lá que agora é patrimônio histórico que era um cortiço, não era a casa dele, é claro. Então ele fez um palco, era uma maquete de palco, com urdimento com tudo, para ele escrever as peças dele, e o None, foi um grande amigo na época, ele me mostrou as pinturas uma vez. Ele era uma pessoa excepcional, um pouco diferente do pai, que era um pouco agressivo.