sexta-feira, 7 de março de 2014

É HOJE


A FALECIDA SENHORA SUA MÃE
"Eu fiz também uma peça no circo da Natália Timberg, mais ou menos por essa época, eu não me lembro a data precisa e nem possuo nenhum registro em jornal, crítica ou programa da peça. O que eu me lembro é que a Natália e o marido fizeram um circo e queriam um espetáculo, um circo bonito, conseguiram patrocínio. Eu estava fazendo “Noites Brancas”, viajando com o Jovelti Arcangelo e a Arlete Montenegro, então convidei os dois para fazer a “A Falecida Senhora Sua Mãe” de George Feydau, uma peça muito engraçada, que não precisava pagar o “avaloir”, então montamos lá no circo, mas a montagem não saiu boa, pois ensaiamos pouco, a peça exigia pessoal de comédia mesmo, e não foi ninguém, também era longe o circo, ficava na periferia. A ideia do circo era para popularizar o teatro, tinha um palco, era bem instalado, mas precisava de dinheiro e não tinha. Ia o pessoal da vizinhança e era uma “baixaria” danada na plateia. Depois que a peça saiu, não soube mais o que aconteceu com o circo." (ORC)
 
 
REFERÊNCIAS SOBRE A PEÇA: É HOJE 
Uma peça para o verão
“É Hoje!...” focaliza o problema da timidez e do relacionamento das pessoas que vivem na grande metrópole. Imagine-se um rapaz tímido, difícil de se comunicar, uma moça estranha, a qual nem o nome se sabe, encontram-se por acaso. Uma vez colocados um diante do outro surge um novo elemento, o cachorrinho.
O autor, ao descrever os personagens coloca como fator fundamental a sua timidez e seu descontrole na maneira de se comportar, nas atitudes e até na voz. Acrescenta ele “percebe-se que, assim mesmo, ele tem muita chance de ser bem sucedido”.
Da mulher o autor insiste em destacar, além da sua solidão, seu medo: “medo de tudo, da cidade, dos outros, da vida...”.
Esses elementos dos caracteres dos personagens foram usados pelos atores como fatores essenciais para conseguirem criar dois personagens de carne e osso, que vivem, sofrem e amam. Procurou-se dar profundidade aos personagens, para colocá-los, em seguida, numa série de situações confusas e embaraçosas, que provocam o riso.
Desta maneira a peça é tratada com realismo e até mesmo intimismo para despertar o interesse do espectador. Se o cômico surgir, melhor, mas neste caso será naturalmente e não forçado, e surgirá da situação criada pelo autor, não será nunca sobreposta, nem forjada através de acréscimos, mais ou menos gratuitos, ao texto que o autor propõe.
A comédia leve americana é sempre um pedaço da vida, apoiada em caracteres que por serem convencionais não deixam nunca de serem reais. Se eles vivem segundo moldes criados por uma sociedade em que vivem e contra a qual são incapazes de reagirem, mesmo sendo esmagados por ela, é porque grande parte da nossa sociedade vive, realmente, segundo critérios estabelecidos e aceitos cegamente. Da revolta tímida, ou da falta de revolta pode surgir a comédia leve. (ORC)
(in Osmar Rodrigues Cruz - Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)


                                                                Na foto Lilian Lemmertz e Luís Gustavo.