terça-feira, 15 de abril de 2014

CONVERSA DE COXIA


Quando terminamos o livro, nos deparamos com alguns relatos e conversas gravados, extremamente interessantes. Resolvemos reuni-los numa espécie de apêndice intitulado “conversa de coxia”! O título, escolhido por mim uma atriz, provocou risadas do diretor Osmar. Ora, “na coxia não se conversa”, dizia ele, e eu sempre endossava, pois o ambiente não se prestava à conversa e sim à concentração. Porém, naquela meia-luz da coxia, quem nunca trocou sussurros com outra atriz ou ator antes de entrar em cena? (ERC)



MIRIAN MUNIZ
Terminadas as peças, eu tenho que contar umas coisas. Eu estava lendo o livro da Mirian Muniz e ela conta onde nasceu, é uma coincidência incrível, pois ela nasceu no Cambuci,  na rua Baker, que ficava meia travessa de onde eu morava, que era na Lins de Vasconcelos, depois mudei para a Theodureto Souto que é paralela. Como ela é mais moça do que eu, nunca nos encontramos, mas ela frequentou o mesmo Grupo Escolar que eu frequentei e teve a mesma professora que eu tive, D. Guaraciaba, que era uma ótima professora, mas muito severa, muito brava. Achei isso muito interessante. Ela fazia teatrinho com cartolina, cobrava palito de fósforo, como eu fazia um pouco antes na garagem, ela fazia no quintal, imagine quantas vezes a gente deve ter se cruzado depois e nem sabia quem era quem (ou quem se tornaria quem). A mãe dela também a levava para assistir teatro. É, em geral todos nós começamos assim.


TEATRO DO CENTRO ACADÊMICO
Quando eu era estudante e tinha o teatro do Centro Acadêmico, fomos participar do “Hamlet” do Paschoal Carlos Magno, eu não entrei como ator, já tinha tido a experiência de os “Comediantes” que o Paschoal nos convidou, aliás o Miroel tinha convidado, mas valia por estar lá toda noite. Uma noite nós saímos, tinha dado uma boa renda e o pessoal tinha um cachezinho, era todo mundo estudante e nós fomos num restaurante ali na São João que se chamava Avenida, e encontramos o Oscarito, que estava jantando lá. O Oscarito era um cara excepcional, um bom cara, não era esnobe, foi um encontro muito interessante. O Paschoal era crítico no Rio então ele conhecia todo mundo, foi um jantar interessantíssimo.
Antes disso, eu havia conhecido o Ziembinski que era uma pessoa excepcional,  para mim, dos diretores que eu vi e conheci, ele foi o mais interessante de todos. Um homem que gostava da arte dele. Depois ele foi ficando velho, fez televisão, mas ele ensaiava direitinho, ele foi muito bom. O que ele fez com o “Vestido de Noiva” de Nelson Rodrigues fez estourourar a renovação do teatro brasileiro.