segunda-feira, 12 de maio de 2014

VESTIDO DE NOIVA EM SÃO PAULO



Eu me lembro que no espetáculo do “Vestido de Noiva”, quando foi feito aqui no Municipal, o Oswald de Andrade assistiu a peça num camarote, ele e Tarcila do Amaral. Ao final do espetáculo foi promovido pelo Miroel um debate sobre a peça, até veio o Nelson Rodrigues, também faziam parte alguns psiquiatras e eu me lembro bem que o Nelson disse que a peça dele não tinha nada com Freud nem com nada. E começaram a discutir Freud ortodoxo, Freud não sei o que, e ele dizia: - “minha peça não tem nada a ver com isso, eu nunca estudei Freud na minha vida”. Eu achava que era mentira, mas também pode ser que não, porque o Freud pegou o Édipo Rei e criou o complexo de Édipo, que nem foi ele quem criou, foi o Sófocles. Portanto, no subconsciente o Nelson poderia ter se baseado no Freud. Mas no calor dos debates, o Oswald de Andrade “metia o pau” na peça, acho que um pouco de ódio, porque ninguém montava as peças dele. Bom, no decorrer dos debates, a coisa foi inflamando tanto, que de repente o Oswald de Andrade grita do camarote dele: - “Olha, eu acho que o Nelson Rodrigues é o inocente do Leblon”, desancou o Nelson e foi embora. Das pessoas que estavam lá, o crítico Décio, o Nicanor Miranda, nunca ninguém citou isso, quem podia falar sobre isso era o Miroel, mas ele nunca tocou nisso. Mas o Oswald arrasou o Nelson de um jeito irreverente, terrível. Eu comentei isso com o None, ele também não gostava do Nelson achava que ele era um chato. Meu convívio com ele foi ótimo, depois ele saiu do Teatro Municipal e aos poucos fui perdendo contato com o None. Eu soube da morte dele por acaso. Aquele espetáculo dos italianos acabou sendo feito na sala azul do Teatro Odeon, na Consolação, onde eu assisti, depois foram para o Municipal, era um espetáculo maravilhoso, Ettore Gianini era o diretor, era cantado, dançado, representado, o cenário, acho,  era do Gianni Ratto.

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