domingo, 8 de setembro de 2013

O REI DO RISO


Nelson Luiz, Sérgio Rossetti, Nize Silva, Ednei Giovenazzi, Jairo Arco e Flexa, Paulo Prado, Luiz Carlos de Moraes, Miro Martinez e Lúcio de Freitas. Fotógrafo: Vadinho









Trechos de crítica – Jornal da Tarde
por Sábato Magaldi – 24/5/1985

O Rei do Riso, O AMOR AO TEATRO BRASILEIRO

Felicíssima ideia teve Osmar Rodrigues Cruz ao encomendar a Luiz Alberto de Abreu, autor de Bella Ciao, uma peça sobre Francisco Correia Vasques, nosso maior intérprete cômico do século passado. O Rei do Riso, em cartaz no TPS, recupera para a plateia não só uma figura de cativante personalidade, amada pelo povo, mas um momento fundamental do palco brasileiro.
A iniciativa partiria mesmo de Osmar, um dos poucos encenadores, que dominam profundamente o nosso teatro. Não conheço outro tão amorosamente preso aos valores do passado, tendo trazido à cena Macedo, Alencar, Oduvaldo Vianna, Manuel Antônio de Almeida (na adaptação de Francisco Pereira da Silva, recentemente falecido) e França Júnior, além dos contemporâneos, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Lauro César Muniz e Maria Adelaide Amaral. O espetáculo revela a necessária intimidade com os bastidores da evolução dramática.
Tanto Osmar como Luiz Alberto se debruçaram carinhosamente sobre a bibliografia disponível, extraindo dela os ensinamentos mais aproveitáveis na montagem. Não se trata de uma reconstituição biográfica de Vasques, o que, em certa medida, teria resultado pitoresco. Por meio da personagem centralizadora do ator, levanta-se um painel do teatro carioca, portanto da capital do Império e dos primeiros anos da República, na segunda metade do século XIX.
[...]. Encontra-se em O Rei do Riso o mesmo preito que levou Correia Vasques a erguer a estátua em homenagem ao mestre e amigo João caetano. Dramaturgo e encenador identificaram-se com o tema escolhido. Um dos mais bonitos quadros do espetáculo é aquele em que Vasques, já condenado pela doença, entra feito um “ratoneiro” no Teatro São Pedro e se deixa tomar pelas reminiscências de João Caetano, com ele contracenando, cada qual na sua maneira.
[...]. Osmar conseguiu reunir um elenco estável em que há intérpretes para os mais diferentes emplois.
[...]. Senhor de cada pormenor mobilizado, Osmar Rodrigues Cruz dirige O Rei do Riso com inteligência e sensibilidade. A dinâmica, às vezes, poderia ser mais ágil e nervosa. Agrada-me especialmente, no espetáculo, o grande amor que ele demonstra pelo teatro brasileiro.

(in Osmar Rodrigues Cruz Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)



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