domingo, 17 de março de 2013

CAPRICHOS DO AMOR E DO ACASO







Trechos de crítica
O Estado de S. Paulo – por Décio de Almeida Prado – 15/11/1964
Representar Marivaux em português – não cremos que a ideia tenha alguma vez ocorrido a qualquer de nossas companhias amadoras ou mesmo profissionais. Marivaux com sua fina e sutil dialética do amor, com seus engenhosos “distinguo” sentimentais, liga-se de tal modo ao século XVIII francês que não o imaginamos em outra língua. O Teatro Popular do Sesi ousou fazer a experiência – e não nos desiludiu. Não diremos que se trata de uma revelação: nem a cenografia de Clovis Garcia nem a direção de Osmar Rodrigues Cruz desejam renovar, oferecer uma versão inesperada e perturbadora de uma fisionomia já definida artisticamente. Mas ambos são homens de teatro competentes e de bom senso, que sabem o que estão fazendo, jamais se permitindo a liberdade de passar a terreno em que não possam pisar com toda a segurança.[...]. A peça inclui assim o público na contradança, ao fazer os personagens assumirem no palco a posição de atores ou de espectadores, introduzindo várias representações menores dentro da grande representação que nos é oferecida. Poderíamos imaginar o mesmo enredo em ritmo de “commedia dell’arte”, com uma troca frenética de máscaras entre os atores, não fosse a gravidade, sobre a aparente despreocupação, com que Marivaux trata estas frágeis questões de amor. Fez bem a Aliança Francesa ao acolher no seu agradabilíssimo teatro da Rua General Jardim este espetáculo que não desmerece a cultura de seu país. E melhor ainda andou o Sesi, continuando a prestigiar o “Teatro Popular” que sob a criteriosa direção de Osmar Rodrigues Cruz, vai se firmando cada dia mais dentro do panorama do teatro paulista. Sesi, ninguém ignora, significa Serviço Social da Indústria. Mas ao oferecer gratuitamente a dezenas de milhares de pessoas espetáculos como Caprichos do Amor e do Acaso, está indo além do muito que o seu nome promete, prestando um inestimável serviço social – e cultural – a toda a cidade de São Paulo.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)

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