Nelson Luiz, Sérgio Rossetti, Nize Silva, Ednei Giovenazzi, Jairo Arco e Flexa, Paulo Prado, Luiz Carlos de Moraes, Miro Martinez e Lúcio de Freitas. Fotógrafo: Vadinho |
Trechos de crítica – Jornal da Tarde
por Sábato Magaldi –
24/5/1985
O Rei
do Riso, O AMOR AO TEATRO BRASILEIRO
Felicíssima ideia teve Osmar
Rodrigues Cruz ao encomendar a Luiz Alberto de Abreu, autor de Bella Ciao, uma peça sobre Francisco
Correia Vasques, nosso maior intérprete cômico do século passado. O Rei do Riso, em cartaz no TPS,
recupera para a plateia não só uma figura de cativante personalidade, amada
pelo povo, mas um momento fundamental do palco brasileiro.
A iniciativa partiria mesmo de
Osmar, um dos poucos encenadores, que dominam profundamente o nosso teatro. Não
conheço outro tão amorosamente preso aos valores do passado, tendo trazido à
cena Macedo, Alencar, Oduvaldo Vianna, Manuel Antônio de Almeida (na adaptação
de Francisco Pereira da Silva, recentemente falecido) e França Júnior, além dos
contemporâneos, Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Lauro César Muniz e Maria
Adelaide Amaral. O espetáculo revela a necessária intimidade com os bastidores
da evolução dramática.
Tanto Osmar como Luiz Alberto se
debruçaram carinhosamente sobre a bibliografia disponível, extraindo dela os
ensinamentos mais aproveitáveis na montagem. Não se trata de uma reconstituição
biográfica de Vasques, o que, em certa medida, teria resultado pitoresco. Por
meio da personagem centralizadora do ator, levanta-se um painel do teatro
carioca, portanto da capital do Império e dos primeiros anos da República, na
segunda metade do século XIX.
[...]. Encontra-se em O Rei do Riso o mesmo preito que levou
Correia Vasques a erguer a estátua em homenagem ao mestre e amigo João caetano.
Dramaturgo e encenador identificaram-se com o tema escolhido. Um dos mais
bonitos quadros do espetáculo é aquele em que Vasques, já condenado pela
doença, entra feito um “ratoneiro” no Teatro São Pedro e se deixa tomar pelas
reminiscências de João Caetano, com ele contracenando, cada qual na sua
maneira.
[...]. Osmar conseguiu reunir um
elenco estável em que há intérpretes para os mais diferentes emplois.
[...]. Senhor de cada pormenor
mobilizado, Osmar Rodrigues Cruz dirige O
Rei do Riso com inteligência e sensibilidade. A dinâmica, às vezes, poderia
ser mais ágil e nervosa. Agrada-me especialmente, no espetáculo, o grande amor
que ele demonstra pelo teatro brasileiro.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma
Vida no Teatro Hucitec 2001)
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