Trechos de crítica – Jornal da Tarde
por Sábato Magaldi –
15/10/1974
Osmar Rodrigues Cruz realiza em Leonor de Mendonça, oferecida de graça,
no TBC*, sua encenação mais ousada e por isso mais eficaz artisticamente.
Algumas contradições entre o tratamento que ele deu ao desempenho e a linguagem
do drama de Gonçalves Dias ainda não estão resolvidas, mas a carreira do
espetáculo deve encarregar-se de trazer o tom e o tempo justos.
[...]. Talvez Leonor de Mendonça não represente para o público o mesmo apelo dos
cartazes anteriores do TPS. Por outro lado, é possível que a direção do elenco
nunca tenha andado tão certa ao escolher, a esta altura do trabalho, a peça de
Gonçalves Dias.
Leonor de Mendonça é, de longe, o melhor drama
brasileiro do século XIX e um grupo de teatro popular honra a sua missão ao
montá-lo para um grande público.
*TBC - Teatro Brasileiro de Comédia
Trechos de crítica – Jornal do Brasil
por Ian Michalski –
5/11/1974
Até que ponto a tragédia romântica
de Gonçalves Dias pode ser considerada como matéria-prima adequada para quem se
propõe, hoje em dia, a fazer teatro para um público eminentemente popular, como
é o caso do TPS? A enorme fila que eu encontrei na porta do teatro, e as
notícias que tive da lotação esgotada em todas as sessões, parecem insinuar uma
resposta significativa, embora a gratuidade dos ingressos constitua é claro, um
fator que não pode ser desprezado.
Para transmitir o conteúdo da
tragédia – provavelmente a mais bela e completa de todo o acervo clássico
nacional – numa linguagem capaz de ser assimilada por esse público popular, o
diretor Osmar Rodrigues Cruz procurou realizar um espetáculo moderno, pelo
menos sob dois aspectos importantes: os três personagens centrais foram
manifestamente estudados à luz dos conceitos atuais da psicologia, e assumem um
comportamento coerente com a tipologia dentro da qual foram enquadrados a
partir desses conceitos; o texto está sendo dito pelos atores, na medida do
possível, de uma maneira coloquial, sem dar qualquer ênfase ou arrebatamento
poético, mas também sem submeter a linguagem do poeta a qualquer adaptação ou
atualização.
[...]. Por mais que se possa
discutir certas peculiaridades da política cultural do TPS, e mesmo a qualidade
das realizações de Osmar Rodrigues Cruz (entre as quais Leonor de Mendonça é certamente uma das melhores), é impossível
deixar de reconhecer o resultado que o movimento vem obtendo no seu trabalho de
popularização do teatro e conquista de novas plateias. Seu último espetáculo Caiu o Ministério saiu de cartaz com
casas cheias, após um ano e meio de carreira. Agora, a obra mais representativa
do nosso romantismo teatral será também vista, numa encenação honesta, por
milhares de pessoas que sem o TPS dificilmente encontrariam o caminho das
bilheterias. Isto já justificaria a iniciativa, que está agora no seu décimo
segundo ano de existência, e caminhando para acolher o seu espectador nº
3.000.000.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma
Vida no Teatro Hucitec 2001)
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