DIAS GOMES,
OSWALD DE ANDRADE E O FILHO NONE
Eu estou
lendo o livro do Dias Gomes, que é um autor teatral, que foi militante do
Partido Comunista, tem uma peça de sucesso que depois foi feito um filme –
“O Pagador de Promessa”, que foi um
sucesso estrondoso, o filme ganhou a Palma de Ouro em Paris. Eu recebi o livro
do Dias Gomes e junto recebi um livro sobre os Chatos Boys, que o Oswald de
Andrade chamava assim, os integrantes da Revista Clima, aliás um livro
maravilhoso, lembrei-me de uma pessoa que foi muito meu amigo, que era filho do
Oswald de Andrade, filho dele com a Kamia, ele casou tantas vezes, era o
Osvaldo de Andrade Filho, acho que era o primeiro filho dele, nós o chamávamos
de None. Ele foi diretor do Teatro Municipal, depois que o Ademar saiu da
Prefeitura, não me lembro quem era o prefeito, foi quando veio o “Carrocello
Napolitano” para uma temporada, mas como eu tinha pedido o teatro antes, o None
falou para mim – “não...não”.
Acho que era de família, o romance do pai dele “O
território humano” fala dos italianos daqui de São Paulo de uma maneira não
muito agradável. – “Você não desiste do teatro, você já pagou a taxa, não vou
dar para essa italianada não” ele disse. Éramos amigos de nos encontrar na
Livraria Monteiro Lobato na Av. São João. Ele pintava. Um dia ele me levou na
casa dele que era a casa do pai dele, acho que estava morando lá, ou estava
viajando, porque ele viajava muito o Oswald de Andrade.
Li também nesse livro que saiu dos Chato
Boys, que o pai dele adorava teatro, fez um palco no porão da casa, porque as
casas na Rua Martiniano de Carvalho onde ele morava tinham porões como todas as
outras, tem até uma casa lá que agora é patrimônio histórico que era um cortiço, não era a casa dele, é
claro. Então ele fez um palco, era uma maquete de palco, com urdimento com
tudo, para ele escrever as peças dele, e o None, foi um grande amigo na época,
ele me mostrou as pinturas uma vez. Ele era uma pessoa excepcional, um pouco
diferente do pai, que era um pouco agressivo.