quarta-feira, 13 de março de 2019




INSTITUTO OSMAR RODRIGUES CRUZ







TEATRO NACIONAL POPULAR BRASILEIRO (TNPB)




UM BRASILEIRO E PORTUGUÊS...

As obras de Cláudio Manoel da Costa O Parnaso Obsequioso, como também de Alvarenga Peixoto Enéias do Lácio não obtiveram muito sucesso e talvez por serem obras não populares.
Então, quem foi o primeiro dramaturgo brasileiro a nos brindar com uma obra eclética da ópera à comédia? Antônio José da Silva, chamado de O Judeu, que nasceu no Brasil, porém foi logo para Portugal e lá viveu até que a Inquisição de Portugal acusou sua mãe de “judaísmo”. Veio para o Brasil e trouxe parte de sua produção de óperas, que estavam sendo encenadas no Bairro Alto de Lisboa.
Um dos nossos maiores desastres que o nosso mundo produziu foi a Inquisição. Digo produziu, porque foi a Igreja Católica que o criou e se estabeleceu em toda Europa, ou quase toda, como forma de Tribunal. Convocava pessoas que a seus olhos eram considerados não cristãos por “juízes” (alto clero) nomeados para caçar os judeus, intelectuais, professores, “bruxas”, qualquer um aleatoriamente que não se enquadrasse às ideias, doutrinas e práticas da Igreja. O chamado Tribunal da Santa Inquisição prendia, torturava e queimava vivo todo aquele que fora condenado pelo “Tribunal” arbitrariamente.

Mas o assunto aqui é Antônio José que produziu uma obra popular, sem deixar de ser consistente. Como a curiosidade da dramaturgia é muita, vamos transcrever a introdução ao primeiro volume ao todo em quatro de suas obras da edição brasileira de 1910 que vale muito pela análise dos seus textos dramatúrgicos.
  
Primeiro uma “Advertência”:

“Poucas pessoas conhecem o teatro de Antônio José, o Judeu, o autor de comédias mais popular que teve a literatura da nossa língua.
Muitas edições se fizeram outrora das suas obras, mas são já raras em Portugal, e no Brasil raríssimas.
Das Obras do Diabinho da mão furada apenas existia uma impressão única nas páginas da Revista Brasileira que é também rara.
O primeiro editor do Teatro Cômico escreveu, em 1744, a propósito das comédias do Judeu, as seguintes palavras que ainda convém reproduzir (reserva feita dos erros de história literária):
““ Leitor: Foi tão grande o aplauso, e aceitação, com que foram ouvidas as Óperas, que no Teatro Público do Bairro Alto de Lisboa se representaram desde o ano de 1733, até o de 1738, que não satisfeitos muitos dos curiosos que as ouviram quotidianamente repetirem, passavam a copia-las, conservando aos outros estas cópias com tal avareza, que se faziam invisíveis para aqueles, que desejavam ler, e para outros apagar o desejo de as lerem, pelas não terem ouvido, outros renovar a recreação, com que no mesmo Teatro as viram representadas. Por satisfazer o desejo de uns e outros, tomei a empresa de juntá-las e fazê-las imprimir com o título Teatro Cômico Português, para que com facilidade e sem o dispêndio, que as cópias manuscritas fazem, pudessem todos gozar de umas Obras tão apetecidas por singulares. Estou persuadido que não é desagradável esta minha Coleção; porque além de satisfazer um desejo, sirvo a Pátria, publicando estas obras, que segundo as leis da composição dramática, são as primeiras, que deste gênero se tem escrito no nosso idioma. Algumas comédias foram impressas, como as de Antônio Prestes, Gil Vicente, Antônio Ribeiro, Sebastião Pirez, e Simão Machado, compostas em versos. Publicou Jorge Ferreira em prosa a Eufrozina, a Ulyssipo, e a Aulegrafia. Saiu à luz Francisco de Sá e Miranda com a intitulada Os Estrangeiros, e Vilhalpandos, e D. Francisco Manoel com as duas, a que deu por título O Labirinto da Fortuna, e Os Segredos bem Guardados, sem nos esquecermos de também das duas do nosso Luiz de Camões, que andam impressas no fim das suas Obras; porém todas estas, umas pelo diverso gênio dos tempos outras pela sua informe disposição, e dilatada contextura, serviam aos curiosos somente de fastio, que de recreio. Nestas, que agora te ofereço por benefício da impressão, acharás pelo contrário daquelas uma suave, e natural disposição das partes, o caráter dos sujeitos sustentado sem decadência, à locução própria a cada um dos interlocutores, e o jocoso tão temperadamente honesto, que não ofende com a graça os ouvidos, e tão vivo, que se não encontra semelhante em nosso idioma, e não sei também se nos dissera das Nações estranhas; os que confessariam, não sem inveja, se fossem ainda vivos. Moreto entre os espanhóis, Molière entre os franceses, e Nicolao Amenta entre os italianos.””  


                                            
                                           OSMAR ESPECTADOR



Coleção de Programas de Teatro das décadas de 40 e 50

Madalena Nicol inaugura uma Companhia Madalena Nicol na TV, que já possuia Teatro na TV em seu início.