quinta-feira, 16 de agosto de 2018



                   
    TEATRO NACIONAL POPULAR BRASILEIRO



MANCHA HORROROSA EM NOSSA HISTÓRIA

Quando Portugal divide o Brasil em Capitanias Hereditárias, considerada a vasta extensão de terra, concede aos fidalgos portugueses a gestão dos enormes “lotes”. Com isso, se estabelece no Brasil uma casta, uma classe social e econômica dominante e dominadora. O grande negócio era exportar para Portugal todas as nossas enormes riquezas, cana de açúcar, pau brasil e ouro. Para todo este trabalho necessitavam de muita mão de obra escrava naturalmente, e é então que se inicia a vinda de negros africanos em sua maioria. Retirados à força de seus reinos, separados de seus grupos familiares, uma quantidade imensa de pessoas eram colocadas em porões de navios, amontoados e algemados, sem as mínimas condições humanas em viagens que duravam meses.

A escravidão de povos africanos já habitava a Europa e servia aos brancos da nobreza, desde serviços domésticos até a mais pesada labuta debaixo de neve se fosse o caso. Mas os brancos também escravizaram brancos, os povos invadidos e gostavam de seus serviços, pois estavam acostumados ao inverno europeu e morriam menos que os negros.

A escravidão em si é a pior condição que um ser humano (?) possa ter frente a outro ser humano. É tortura, é desconsiderar o outro, tornando-o objeto de posse e direito. No Brasil, além do preconceito da cor da pele que já existia com os índios, havia a mesma crueldade com os negros vindos da África porque os senhores eram os mesmos. A escravidão merece sempre um lugar de destaque em toda e qualquer pesquisa sobre a nossa história, em nossa reflexão sobre a condição humana. O preconceito de cor e a segregação racial decorrente perpetuaram nos homens e mulheres brancos até os dias de hoje, tornando a sociedade desumana, estratificada e completamente ignorante gerando outros tipos de preconceito e dominação.      

Embora este fato histórico e horroroso da escravidão tenha manchado tanto nossa história e em tantos outros países, a herança cultural riquíssima dos negros suplantou parte desse horror. O que chamamos e classificamos hoje como folclore foi e é nossa legítima herança cultural mais forte e o início das manifestações teatrais no Brasil.

Se o teatro se originou na dança e rituais cerimoniais aos deuses, como reza a história do teatro ocidental, no Brasil essas manifestações se originaram dos índios e dos negros. Quando os escravos se rebelam contra a escravidão surgem os quilombos – refúgio para negros fugidos e local sagrado para as práticas das suas tradições. O pouco que sei e que permeia a minha vida, a religiosidade africana tem como ponto de partida a realidade humana e a natureza como um todo. Cada alimento utilizado no culto aos orixás pertence a eles, assim como cada planta e erva tem propriedades para cura das doenças do corpo e da alma.

Além desta riqueza toda surgem festas em diversos pontos do país advindas de todo povo escravizado. Surgem as primeiras manifestações teatrais, a raiz de todo folclore e teatro popular brasileiro que será tema para outro dia.


Dica: Procurem ler e conversar sobre o assunto, porém mais do que isto repensem sempre sobre o preconceito seja ele qual for.  





                                                       OSMAR ESPECTADOR


Coleção de Programas de Teatro das décadas de 40 e 50
























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