Eu me
lembro que no espetáculo do “Vestido de Noiva”, quando foi feito aqui no
Municipal, o Oswald de Andrade assistiu a peça num camarote, ele e Tarcila do
Amaral. Ao final do espetáculo foi promovido pelo Miroel um debate sobre a
peça, até veio o Nelson Rodrigues, também faziam parte alguns psiquiatras e eu
me lembro bem que o Nelson disse que a peça dele não tinha nada com Freud nem
com nada. E começaram a discutir Freud ortodoxo, Freud não sei o que, e ele
dizia: - “minha peça não tem nada a ver com isso, eu nunca estudei Freud na
minha vida”. Eu achava que era mentira, mas também pode ser que não, porque o
Freud pegou o Édipo Rei e criou o complexo de Édipo, que nem foi ele quem
criou, foi o Sófocles. Portanto, no
subconsciente o Nelson poderia ter se baseado no Freud. Mas no calor dos
debates, o Oswald de Andrade “metia o pau” na peça, acho que um pouco de ódio,
porque ninguém montava as peças dele. Bom, no decorrer dos debates, a coisa foi
inflamando tanto, que de repente o Oswald de Andrade grita do camarote dele: -
“Olha, eu acho que o Nelson Rodrigues é o inocente do Leblon”, desancou o
Nelson e foi embora. Das pessoas que estavam lá, o crítico Décio, o Nicanor
Miranda, nunca ninguém citou isso, quem podia falar sobre isso era o Miroel,
mas ele nunca tocou nisso. Mas o Oswald arrasou o Nelson de um jeito
irreverente, terrível. Eu comentei isso com o None, ele também não gostava do
Nelson achava que ele era um chato. Meu convívio com ele foi ótimo, depois ele
saiu do Teatro Municipal e aos poucos fui perdendo contato com o None. Eu soube
da morte dele por acaso. Aquele espetáculo dos italianos acabou sendo feito na
sala azul do Teatro Odeon, na Consolação, onde eu assisti, depois foram para o
Municipal, era um espetáculo maravilhoso, Ettore Gianini era o diretor, era
cantado, dançado, representado, o cenário, acho, era do Gianni Ratto.
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