terça-feira, 17 de março de 2020


 INSTITUTO OSMAR RODRIGUES CRUZ





Resolvemos, introduzir paralelamente aos programas de teatro uma modesta pesquisa, em textos breves, sobre nosso Teatro Nacional Popular Brasileiro tão esquecido e controverso. O repertório do teatro dirigido por Osmar Rodrigues Cruz sempre foi muito eclético e popular, privilegiando sempre que possível o teatro nacional. Por isso, desejamos aplicar um tom coloquial e sem pretensões acadêmicas, nosso alcance é buscar o diálogo, críticas, opiniões, colaborações e acima de tudo instigar no leitor o gosto da leitura e pesquisa. 



O TEATRO DO DR. MACEDO:

Joaquim Manoel de Macedo nasceu no Estado do Rio de Janeiro e cursou medicina na Faculdade da Corte. Lecionou História do Brasil no Colégio Pedro II e foi sócio do Conservatório Dramático no Rio de Janeiro.
   
Nosso romancista mais popular por escrever, entre outros, o romance a "Moreninha" que também foi peça de teatro e filme. No teatro Macedo é implacável em várias peças "políticas", com críticas bem humoradas da sociedade da época, mas muito atuais pois o país não muda. 

"Luxo e Vaidade" comédia original em 5 atos é uma amostra do que farão seus seguidores, como França Junior e Martins Pena, nas críticas sociais, no exagero da importância dada aos estrangeiros, sem valorizarmos o que é nosso. O "Primo da Califórnia", ópera em 2 atos imitação do francês e a "Torre em Concurso" comédia burlesca em 3 atos foram montagens de grande sucesso do TPS de Osmar Rodrigues Cruz.

Na próxima postagem uma aula do diretor Osmar sobre o teatro de Macedo. 



 

OSMAR ESPECTADOR


Coleção de Programas de Teatro das décadas de 40 e 50

 


Numa adaptação de Miroel Silveira do romance de Pierre Louis, o espetáculo Conchita estreia em 1952 com Bibi Ferreira como diretora e protagonista. O fundo musical "Sombrero de Tres Picos" de Manoel de Falla.   






























Coluna
Zurc Nacif


Hoje vou me afastar da teoria de nosso assunto principal, para mostrar na prática um pouco da nossa realidade brasileira. Faremos isso sempre que a atualidade nos chamar a atenção, afinal é assim que se faz política também.
Semana passada tomou posse a Secretária de Cultura do atual Governo Federal. Somente o fato de a Cultura ser agregada ao Turismo, sendo rebaixada à Secretaria, já mostra a importância que a Cultura tem para este governo. Perdeu o Turismo e perdeu a Cultura. 

Em seu discurso de posse, a nova Secretária de Cultura seguiu um roteiro muito curioso. Não mencionou, ou omitiu, o leque de atividades que compõem sua Secretaria. Enfatizou a Cultura em seu estado mais primitivo e enumerou o fazer cultural do folclore ao teatro, simplesmente omitindo as artes que esta Secretaria reúne. Nosso cinema tão rico em talentos, as artes plásticas, o áudio visual, a dança e a música. Sem falar do Patrimônio Histórico tão pouco cuidado.

Reduziu a Cultura a manifestações populares, à figura do palhaço, ao circo e aos musicais internacionais, ao deleite apenas, a mais equivocada significação, de diversão, esquecendo-se da importância educativa, formadora de indivíduos mais sensíveis à cidadania. É, a Cultura foi classificada como uma mera palhaçada, no seu sentido pejorativo, mostrando com isso o enxugamento da própria máquina governamental. Rebaixada sua importância no que se refere ao orçamento destinado a essa subpasta.

Um povo ignorante e tão carente como o nosso merecia cuidado maior nos planos expostos, mais cuidado e seriedade ao nosso Patrimônio Histórico que se esvai, que desmorona a cada dia, sem o devido zelo e dedicação. O nosso cinema tão promissor como nunca, ganhando prêmios internacionais, retratando nossa realidade, aguçando a crítica e a reflexão como nunca.

Foi um discurso sem conteúdo, mostrando a ignorância do assunto, desprovido de projetos, bem condizente ao governo medíocre que nos dirige ao abismo da ignorância e ao qual tanto nos repudia ainda mais a cada dia.