INSTITUTO OSMAR RODRIGUES CRUZ
Resolvemos, introduzir paralelamente aos programas
de teatro uma modesta pesquisa, em textos breves, sobre nosso Teatro Nacional
Popular Brasileiro tão esquecido e controverso. O repertório do teatro dirigido
por Osmar Rodrigues Cruz sempre foi muito eclético e popular, privilegiando
sempre que possível o teatro nacional. Por isso, desejamos aplicar um tom
coloquial e sem pretensões acadêmicas, nosso alcance é buscar o diálogo,
críticas, opiniões, colaborações e acima de tudo instigar no leitor o gosto da
leitura e pesquisa.
O TEATRO DO DR. MACEDO:
Joaquim Manoel de Macedo nasceu no Estado do Rio de Janeiro e cursou medicina na Faculdade da Corte. Lecionou História do Brasil no Colégio Pedro II e foi sócio do Conservatório Dramático no Rio de Janeiro.
Nosso romancista mais popular por escrever, entre outros, o romance a "Moreninha" que também foi peça de teatro e filme. No teatro Macedo é implacável em várias peças "políticas", com críticas bem humoradas da sociedade da época, mas muito atuais pois o país não muda.
"Luxo e Vaidade" comédia original em 5 atos é uma amostra do que farão seus seguidores, como França Junior e Martins Pena, nas críticas sociais, no exagero da importância dada aos estrangeiros, sem valorizarmos o que é nosso. O "Primo da Califórnia", ópera em 2 atos imitação do francês e a "Torre em Concurso" comédia burlesca em 3 atos foram montagens de grande sucesso do TPS de Osmar Rodrigues Cruz.
Na próxima postagem uma aula do diretor Osmar sobre o teatro de Macedo.
OSMAR
ESPECTADOR
Coleção de Programas de Teatro das décadas de 40 e 50
Numa adaptação de Miroel Silveira do romance de Pierre Louis, o espetáculo Conchita estreia em 1952 com Bibi Ferreira como diretora e protagonista. O fundo musical "Sombrero de Tres Picos" de Manoel de Falla.
Coluna
Zurc Nacif
Hoje vou me afastar da
teoria de nosso assunto principal, para mostrar na prática um pouco da nossa
realidade brasileira. Faremos isso sempre que a atualidade nos chamar a atenção,
afinal é assim que se faz política também.
Semana passada tomou
posse a Secretária de Cultura do atual Governo Federal. Somente o fato de a
Cultura ser agregada ao Turismo, sendo rebaixada à Secretaria, já mostra a
importância que a Cultura tem para este governo. Perdeu o Turismo e perdeu a
Cultura.
Em seu discurso de posse, a nova Secretária de Cultura seguiu um
roteiro muito curioso. Não mencionou, ou omitiu, o leque de atividades que
compõem sua Secretaria. Enfatizou a Cultura em seu estado mais primitivo e
enumerou o fazer cultural do folclore ao teatro, simplesmente omitindo as artes
que esta Secretaria reúne. Nosso cinema tão rico em talentos, as artes
plásticas, o áudio visual, a dança e a música. Sem falar do Patrimônio
Histórico tão pouco cuidado.
Reduziu a Cultura a
manifestações populares, à figura do palhaço, ao circo e aos musicais
internacionais, ao deleite apenas, a mais equivocada significação, de diversão,
esquecendo-se da importância educativa, formadora de indivíduos mais sensíveis
à cidadania. É, a Cultura foi classificada como uma mera palhaçada, no seu
sentido pejorativo, mostrando com isso o enxugamento da própria máquina
governamental. Rebaixada sua importância no que se refere ao orçamento
destinado a essa subpasta.
Um povo ignorante e tão
carente como o nosso merecia cuidado maior nos planos expostos, mais cuidado e
seriedade ao nosso Patrimônio Histórico que se esvai, que desmorona a cada dia,
sem o devido zelo e dedicação. O nosso cinema tão promissor como nunca,
ganhando prêmios internacionais, retratando nossa realidade, aguçando a crítica
e a reflexão como nunca.
Foi um discurso sem
conteúdo, mostrando a ignorância do assunto, desprovido de projetos, bem
condizente ao governo medíocre que nos dirige ao abismo da ignorância e ao qual
tanto nos repudia ainda mais a cada dia.