domingo, 22 de setembro de 2013

25 ANOS DE TPS




“As “Bodas de Prata” do TPS foram festejadas com um coquetel apenas para convidados. Publicamos uma revista na qual fiz um histórico desses anos em que estive à frente da única companhia estável do País. Ilustramos com fotos de todas as peças montadas desde sua profissionalização. Alguns representantes da imprensa e da classe teatral deram sua visão do TPS em pequenos depoimentos, e Sérgio Viotti escreveu um artigo.” (ORC)

Trechos de artigo – revista comemorativa 25 Anos TPS
por Sérgio Viotti

O TPS é caso ímpar no panorama brasileiro. Caso raro, mesmo, na listagem dos grupos estáveis não subvencionados pelo Estado, no resto do mundo. Seus vinte e cinco anos de atividade ininterrupta, em São Paulo, o tornam, sem dúvida, o único (isto sem contar outros dezenove anos com atividades paralelas de espetáculos itinerantes e de teatro infantil).
O TPS tornou-se, assim o único onde foi e continua sendo possível assistir às peças que, seguramente, jamais seriam apresentadas, por outras companhias.
[...]. Vendo o TPS em atividade desde 1977, na sua magnífica casa de espetáculos própria, tendemos a esquecer que, antes desta, apresentou-se em outras salas pela Capital, sem jamais perder o impulso que o comandava, a tenacidade que o mantinha coeso, e o espírito que o conservava vivo. Havia um homem vigilante e atento, seguindo-o. Ele insiste que a sua importância em relação ao grupo não é tanto quanto se lhe pretende dar, mas é indiscutível que toda realização deste tipo é, quase sempre, produto de um ideal que move um empenho, e por detrás de um e outro sempre existe alguém.
Assim, não é possível dissociar o TPS de Osmar Rodrigues Cruz. Não fossem a sua tenacidade e determinação, sem deixar de lado aquela parcela básica de amor insistente, o TPS não seria o que é, como é, e tampouco teria alcançado a posição que ocupa no teatro brasileiro. Claro que lhe foram dadas as ferramentas para alcançar os alicerces; as armas para entrar na luta. Ele as recebeu, fez uso delas e foi avante, enfrentando os mesmos, às vezes imensos, problemas que os diretores de companhias subvencionadas no mundo inteiro teriam de enfrentar. Não basta um subsídio sem quem o transforme em criatividade, em coerência com os seus objetivos básicos e essenciais. O que ele se propunha fazer, fez: criar um teatro de qualidade que pudesse ser visto e apreciado pelo grande público, não aquele grande público pagante que determina a frequência flutuante do teatro comercial, mas o seu público maior, para o qual o TPS se tornaria um hábito pessoal, que o teatro é dele. Pode ser que pela sua natureza não comercial muitos espectadores de certos segmentos da população não tenham assistido às montagens do TPS. Sempre que isso acontece, ou vier a acontecer, o grande perdedor foi quem deixou de participar dessa magnífica aventura pelos caminhos do teatro adentro.
Não podemos recuar diante do espantoso fato consumado: a longevidade criativa do TPS, e só podemos desejar ardentemente que a entidade que tornou possível esta longa sobrevivência a mantenha no futuro remoto, sempre em plena atividade.
Que o TPS não se limite a ser memória dos homens de empresa dispostos a apoiar o sonho e a aplicação de um homem de teatro, mas que continue sendo apoio vivo e atuante ao Teatro e ao público que gosta dele. Afinal, há sete milhões de espectadores como comprovação da bem-querença.
Ao longo destes anos, sinto que o TPS adquiriu as dimensões, ao mesmo tempo amplas e concentradas, de um ser humano, e muitos dos que dele se aproximaram podem afirmar, sem receio de erro ou excesso: foi um privilégio conhecê-lo, trabalhar com ele e ser seu amigo.

(in Osmar Rodrigues Cruz Uma Vida no Teatro Hucitec 2001)


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