“As “Bodas de Prata” do TPS foram
festejadas com um coquetel apenas para convidados. Publicamos uma revista na
qual fiz um histórico desses anos em que estive à frente da única companhia
estável do País. Ilustramos com fotos de todas as peças montadas desde sua
profissionalização. Alguns representantes da imprensa e da classe teatral deram
sua visão do TPS em pequenos depoimentos, e Sérgio Viotti escreveu um artigo.”
(ORC)
Trechos de artigo –
revista comemorativa 25 Anos TPS
por Sérgio Viotti
O TPS é caso ímpar no panorama
brasileiro. Caso raro, mesmo, na listagem dos grupos estáveis não
subvencionados pelo Estado, no resto do mundo. Seus vinte e cinco anos de
atividade ininterrupta, em São Paulo, o tornam, sem dúvida, o único (isto sem
contar outros dezenove anos com atividades paralelas de espetáculos itinerantes
e de teatro infantil).
O TPS tornou-se, assim o único onde
foi e continua sendo possível assistir às peças que, seguramente, jamais seriam
apresentadas, por outras companhias.
[...]. Vendo o TPS em atividade
desde 1977, na sua magnífica casa de espetáculos própria, tendemos a esquecer
que, antes desta, apresentou-se em outras salas pela Capital, sem jamais perder
o impulso que o comandava, a tenacidade que o mantinha coeso, e o espírito que
o conservava vivo. Havia um homem vigilante e atento, seguindo-o. Ele insiste
que a sua importância em relação ao grupo não é tanto quanto se lhe pretende
dar, mas é indiscutível que toda realização deste tipo é, quase sempre, produto
de um ideal que move um empenho, e por detrás de um e outro sempre existe
alguém.
Assim, não é possível dissociar o
TPS de Osmar Rodrigues Cruz. Não fossem a sua tenacidade e determinação, sem
deixar de lado aquela parcela básica de amor insistente, o TPS não seria o que
é, como é, e tampouco teria alcançado a posição que ocupa no teatro brasileiro.
Claro que lhe foram dadas as ferramentas para alcançar os alicerces; as armas
para entrar na luta. Ele as recebeu, fez uso delas e foi avante, enfrentando os
mesmos, às vezes imensos, problemas que os diretores de companhias
subvencionadas no mundo inteiro teriam de enfrentar. Não basta um subsídio sem
quem o transforme em criatividade, em coerência com os seus objetivos básicos e
essenciais. O que ele se propunha fazer, fez: criar um teatro de qualidade que
pudesse ser visto e apreciado pelo grande público, não aquele grande público
pagante que determina a frequência flutuante do teatro comercial, mas o seu
público maior, para o qual o TPS se tornaria um hábito pessoal, que o teatro é
dele. Pode ser que pela sua natureza não comercial muitos espectadores de
certos segmentos da população não tenham assistido às montagens do TPS. Sempre
que isso acontece, ou vier a acontecer, o grande perdedor foi quem deixou de
participar dessa magnífica aventura pelos caminhos do teatro adentro.
Não podemos recuar diante do
espantoso fato consumado: a longevidade criativa do TPS, e só podemos desejar
ardentemente que a entidade que tornou possível esta longa sobrevivência a
mantenha no futuro remoto, sempre em plena atividade.
Que o TPS não se limite a ser
memória dos homens de empresa dispostos a apoiar o sonho e a aplicação de um
homem de teatro, mas que continue sendo apoio vivo e atuante ao Teatro e ao
público que gosta dele. Afinal, há sete milhões de espectadores como
comprovação da bem-querença.
Ao longo destes anos, sinto que o
TPS adquiriu as dimensões, ao mesmo tempo amplas e concentradas, de um ser
humano, e muitos dos que dele se aproximaram podem afirmar, sem receio de erro
ou excesso: foi um privilégio conhecê-lo, trabalhar com ele e ser seu amigo.
(in Osmar Rodrigues Cruz Uma
Vida no Teatro Hucitec 2001)
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