OSMAR RODRIGUES CRUZ
65 ANOS DE TEATRO
1945 - Enquanto estuda na Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo, Osmar Rodrigues Cruz organiza e inaugura o Teatro Universitário do Centro Acadêmico Horácio Berlinck, dirigindo Adeus Mocidade de Sandro Camasio e Nino Oxila que estréia a 15 de Outubro daquele ano. Ali, dirige também outros espetáculos, entre eles, Feitiço de Oduvaldo Vianna, As Mulheres Não Querem Almas de Paulo Gonçalves, Os Espectros de Ibsen. Nesse mesmo período, cursa, durante dois anos, o Conservatório Dramático e Musical e dirige outra montagem para o Teatro do Grêmio Politécnico: Nossa Cidade de Thorton Wilder.
Quando termina o Curso de Economia já se encontra totalmente dedicado ao teatro. Inaugura o Grande Teatro Tupi (Canal 3), às segundas-feiras, e entre as diversas peças ali montadas, destaca-se O Imbecil de Pirandello, Uma Tragédia Florentina de Oscar Wilde, Uma Porta Deve Estar Aberta ou Fechada de Musset e Sganarello de Molière. Alguns anos depois, Osmar Rodrigues Cruz voltava a dirigir teatro na extinta Televisão Excelsior, onde monta A Pequena da Província e O menino de Ouro ambas de Clifford Odets e a novela Sozinho no Mundo de Tatiana Belink.
Contratado pela Caixa Econômica dirige então vários espetáculos, sendo os mais importantes: O Badejo de Arthur Azevedo e As Guerras do Alecrim e Manjerona de Antonio José da Silva. Com essa última participou do festival de teatro dentro dos festejos do IV Centenário de São Paulo (1954) recebendo o Prêmio “Arlequim” de Melhor Diretor.
Há exatamente 55 anos, ele ingressaria como diretor dos grupos amadores que o SESI mantinha, em condições difíceis para o desenvolvimento de um trabalho. Eram grupos compostos por elementos que trabalhavam em indústrias - alguns sem preparo necessário, outros presos a problemas os mais diversos - que de qualquer forma impediam, na última hora, uma participação efetiva em ensaios e até nos próprios espetáculos. Entretanto, Osmar Rodrigues Cruz não desanimou. Continuou dedicando todos os seus esforços para a criação de um teatro estruturado, fundamentado em bons textos com elencos profissionais de nível elevado e não mais presos à condição de serem da indústria, mas sim de realizar espetáculos para industriários. Em 1958 ministrou aulas de interpretação no Curso de Atores para Cinema do Museu de Arte Moderna de S. Paulo. Em 1959 cria o Teatro Experimental do SESI estreando no Teatro João Caetano com A Torre em Concurso de Joaquim Manoel de Macedo. Seguiram-se: O Fazedor de Chuva de Richard Nash em 1960, A Pequena da Província de Clifford Odets em 1960 e A Beata Maria do Egito de Rachel de Queiroz em 1961.
Em 1962 dirige Loucuras de Verão de Richard Nash para o Teatro de Comédia de São Paulo e no ano seguinte Osmar elabora um plano completo que inclui desde o funcionamento do grupo até a divulgação dos espetáculos junto às indústrias.
O plano foi aprovado e acontece a profissionalização do grupo de teatro do SESI que passa a se chamar TEATRO POPULAR DO SESI. Osmar dirigiu muitas peças, várias delas de grande sucesso de público e de crítica:
· CIDADE ASSASSINADA de Antônio Callado - 1963
· NOITES BRANCAS de Dostoievski - 1964
· CAPRICHOS DO AMOR E DO ACASO de Marivaux – 1964 Prêmio APCT “Honra” pelo trabalhado realizado a frente do TPS
· A SAPATEIRA PRODIGIOSA de Garcia Lorca - 1965
· O AVARENTO de Molière - 1966
· MANHÃS DE SOL de Oduvaldo Vianna - 1966
· O MILAGRE DE ANNIE SULLIVAN de Willian Gibson - 1967 - montagem que recebeu todos os prêmios do ano de 1969: Associação Paulista de Críticos Teatrais, Governador do Estado e Molière
· INTRIGA E AMOR de Schiller - 1969
· O MILAGRE DE ANNIE SULLIVAN de Willian Gibson, criando o Grupo Itinerante - 1969
· MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILICIAS de Manoel A. de Almeida -1970
· NOITES BRANCAS de Dostoievski - Grupo Itinerante – remotagem - 1970
· SENHORA de José de Alencar (adaptação de Sérgio Viotti) - 1971
· CAPRICHOS DO AMOR E DO ACASO de Marivaux - Grupo Itinerante - 1971
· UM GRITO DE LIBERDADE de Sérgio Viotti - 1972
· O PRIMO DA CALIFÓRNIA de Joaquim M. de Macedo - Grupo Itinerante - 1972
· CAIU O MINISTERIO de França Júnior - 1973 - Prêmio Molière de Direção
· O MÉDICO À FORÇA de Molière - Grupo Itinerante - 1973
· LEONOR DE MENDONÇA de Gonçalves Dias - 1974
· O BARÃO DA COTIA de França Júnior - Grupo Itinerante - 1974
· A MOSQUETA de Angelo Beolco - Grupo Itinerante - 1975
· O NOVIÇO de Martins Pena - 1976
· GUERRAS DO ALECRIM E MANJERONA de Antônio José da Silva - Grupo Itinerante - 1976
· O POETA DA VILA E SEUS AMORES de Plínio Marcos, peça escrita especialmente para o TPS - Prêmio Molière de melhor Diretor e melhor ator para o protagonista pela APCA - 1977
· TROCAS E TRAPAÇAS de Américo de Azevedo – Grupo Itinerante - 1978
· A FALECIDA de Nelson Rodrigues - presença do autor ao espetáculo de estréia que considerou a montagem do TPS uma das melhores de seu texto - 1979
· MADALENA SEDUZIDA E ABANDONADA de Ronaldo Ciambroni - Grupo Itinerante -1981
· O SANTO MILAGROSO de Lauro Cesar Muniz - 1981
· COITADO DO ISIDORO de Sebastião Almeida - Grupo Itinerante - 1983
· CHIQUINHA GONZAGA, Ó ABRE ALAS, escrita especialmente para o Teatro Popular do SESI por Maria Adelaide Amaral - Comemoração dos 20 anos do TPS - 1983
· SENHORA de José de Alencar, remontagem com adaptação de Sérgio Viotti para o Grupo Itinerante do TPS, que se apresenta no Interior do Estado e em bairros da periferia - 1984
· O REI DO RISO escrita especialmente para o TPS por Luiz Carlos de Abreu, texto sobre Francisco Correia Vasques, o ator que da metade até o fim do século XIX , foi o primeiro astro popular do Brasil - 1985
· MUITO BARULHO POR NADA de Willian Shakespeare. Texto inédito no Brasil, de autoria de um gênio da literatura mundial, com tradução de José Rubens Siqueira - 1986
· FEITIÇO de Oduvaldo Vianna - 1987
· O CASO DA CASA de José Rubens Siqueira, adaptação de contos de Machado de Assis - 1988
· ONDE CANTA O SABIÁ de Gastão Tojeiro, Comemoração dos 25 anos do TPS - 1988
· CONFUSÃO NA CIDADE de Carlo Goldoni, tradução de José Rubens Siqueira, permaneceu em cartaz, com absoluto sucesso de público de 1989 até 1991.
· O TIPO BRASILEIRO de França Júnior - Grupo Itinerante – 1992
· A ÁRVORE QUE ANDAVA – infantil de Oscar Von Pfuhl
· A partir do dia 06 de abril de 1992, a sala de espetáculos do Teatro Popular do SESI passou a denominar-se “SALA OSMAR RODRIGUES CRUZ”
Osmar Rodrigues Cruz cria em torno do Teatro Popular do SESI uma máquina de divulgação não somente através da promoção dos espetáculos junto à imprensa falada e escrita, como também através da distribuição dos convites gratuitos nas empresas trazendo o público operário das indústrias para o teatro. Amplia as atribuições do teatro criando uma Galeria de Arte, Concertos Semanais de Música Erudita e Popular, Curso de Teatro e nos conjuntos educacionais do SESI, Palestras e Núcleos de Artes Cênicas para crianças e adolescentes.
Paralelamente às atividades como organizador e diretor do Teatro Popular do SESI desenvolve atividades como tradutor, sendo associado da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) desde 1950. Foram publicadas através da Livraria Teixeira: Um Pedido de Casamento de Checov, A gramática e Os Dois Tímidos de Labiche. Osmar Rodrigues Cruz é também autor de um dos primeiros livros sobre técnica teatral editado no Brasil O teatro e sua técnica -1960.
No início de 1968, numa produção de Joe Kantor, dirigiu no Teatro Aliança Francesa, Dois na Gangorra de Willian Gibson com ótimas críticas e excelente acolhida do público os atores receberam o prêmio Molière de interpretação. Ainda em novembro desse mesmo ano, no Teatro Itália, junto ao Grupo União, dirigiu uma nova adaptação de Noites Brancas.
Em 1968 dirigiu no Teatro Anchieta A Moreninha adaptação musical de Cláudio Petraglia e Miroel Silveira do famoso romance de Joaquim Manoel de Macedo, produção independente de Cláudio Petraglia.
Em 1970 dirigiu dois espetáculos de música e poesia no Teatro Anchieta intitulados Música e poesia no Brasil e Modinhas Brasileiras produções de Inezita Barroso. Nesse mesmo ano lecionou História do Teatro Brasileiro no Curso de Teatro da Fundação Armando Álvares Penteado. Em 1971 dirigiu a comédia Putz de Murray Schisgal, produção de John Herbert no Teatro Aliança Francesa. Em maio do mesmo ano dirige outra comédia Hans Staden no país da antropofagia, uma superprodução musical, texto de Francisco Pereira da Silva, produção de Laerte Morrone, no Teatro São Pedro.
Em 1972 dirige a comédia É hoje de Lawrence Holofcener, produção independente no Teatro Aliança Francesa. No mesmo teatro dirige Os amantes de Viorne de Marguerite Duras, produção de Elizabeth Ribeiro. Dirige ainda nesse ano Pequenos Assassinatos de Julles Pfeiffer, produção de John Herbert, no Teatro Oficina.
Em 1973 dirige uma produção de Sandro Polonio Jogo Duplo de Robert Thomaz, apresentada no Teatro Cacilda Becker.
No início de 1975 faz viagem de estudos à Europa, resultado do prêmio Molière que recebeu em 1973 por seu trabalho de popularização do teatro à frente do Teatro Popular do SESI, que naquele ano completou 10 anos de atividades.
Em 1976 dirigiu a remontagem de Putz de Murray Schigal no Rio de Janeiro no Teatro Maison de France.
Em 1979 dirigiu Quando as Máquinas Param de Plínio Marcos - produção de Luiz Gustavo.
Através da Bolsa Vitae de Artes em 1998, Osmar escreve, em co-autoria com Eugênia Rodrigues Cruz, sua biografia teatral Osmar Rodrigues Cruz – Uma Vida no Teatro editado pela Editora Hucitec em 2001.
Em 2005 é homenageado com a Exposição Memória do Teatro Paulista - Osmar Rodrigues Cruz na Galeria da Caixa Cultural da Paulista. Nesta ocasião o livro Osmar Rodrigues Cruz – Uma Vida no Teatro passa a pertencer ao acervo da Biblioteca do Congresso Americano, a maior em acervo disponível via internet. Os catálogos da Exposição também foram encaminhados para dez universidades americanas.
Memória do Teatro Paulista - Leituras Dramáticas da Caixa do Conjunto Cultural da Sé realizada no primeiro semestre de 2006 utilizou-se do acervo de textos de Osmar Rodrigues Cruz.
Em 5 de Abril de 2007 Osmar Rodrigues Cruz falece.
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